O Projeto de Estrutura de Madeira não é um custo a mais, pois seus resultados são economia de madeira e de mão de obra e segurança da estrutura, com a responsabilidade técnica assumida por um profissional especializado no assunto. É um projeto tão importante quanto o de fundações ou da estrutura de concreto, pois é a segurança do que você está ponto sobre a sua cabeça.

Pela nossa experiência, a execução de uma estrutura com projeto reduz o consumo de madeira em até 30%, e ainda garante que a madeira utilizada está nos lugares corretos, pois muitas vezes vemos carpinteiros utilizando madeira em excesso em alguns pontos, mas insuficiente em outros, resultando em gasto extra de madeira mas com risco estrutural ao mesmo tempo.

No Brasil hoje em dia a quase totalidade das estruturas de madeira é feita sem projeto estrutural, ou seja, não existe um cálculo de dimensionamento das peças de madeira e muito menos das ligações.

A Prática mais comum nas construções é simplesmente entregar nas mãos do carpinteiro e pronto, esse prepara a “receita” de madeira e executa segundo a sua própria experiência. Assim é feito há décadas no Brasil, como resultado de fatores tais como falta da disciplina de Projeto de Estruturas de Madeira nas faculdades de Engenharia Civil e o histórico do uso de madeiras de alta resistência e uso de excesso da madeira por carpinteiros antigamente.

Essa realidade mudou. Não temos mais carpinteiros com boa formação e com grande experiência a ponto de entenderem realmente como a madeira se comporta. A quantidade de estruturas de telhado construída hoje é muito maior que há 30 anos atrás, mas com menos mão de obra qualificada. As madeiras utilizadas agora não têm as mesmas propriedades daquelas tradicionais (Peroba Rosa, Jatobá, etc) e a construção hoje busca otimização de processos e de custos.

Além disso, as “receitas” que se utilizava há 30 anos não podem mais ser aplicadas porque houve uma grande mudança nas Bitolas das Madeiras comerciais. Os carpinteiros tinham um padrão de uso que era: Ripas de 2x5cm, caibros de 5×5 a cada 50cm, terças de 6×12 ou 5×16 a cada 1,5m e treliças(de peças 6×12 ou 6×16) ou cavaletes a cada 2,5m ou até 3,0m. Porém, essas peças são vendidas em seções menores: peças 6×12 e 6×16 hoje tem medidas 5×11 e 5×15, e quando são aparelhadas para uso em estrutura aparente, chegam a 4,5×10,5 e 4,5×14,5cm. Essa redução de seção é muito grande e a consequente redução da Inércia é ainda maior. Mas mesmos assim os carpinteiros mantêm a sua regra de espaçamentos, produzindo estruturas inseguras e que não atendem aos critérios da Norma de Estruturas de Madeira.

Soma-se a isso a mudança das espécies de madeira, inclusive espécies de reflorestamento, os parâmetros tradicionais dos carpinteiros ficam completamente fora das condições históricas de onde esses padrões surgiram.

Ressalto aqui que essas alterações em padrões e em espécies de madeira não são responsáveis pelo não cumprimento das normas, pois não existem normas que disciplinem essas. Aliás, em relação às espécies de madeira, qualquer espécie de madeira pode ser utilizada em uma estrutura, desde que o projeto estrutural seja desenvolvido considerando a classe de resistência na qual essa espécie se enquadra, conforme a Norma Brasileira ABNT NBR 7190:1997 “ Projeto de Estruturas de Madeira”

O não cumprimento das normas está no início, no fato de não ser feito projeto da estrutura de madeira. Sem projeto, o responsável pela obra pode como resultado duas situações: Ter que gastar mais material para compensar a incerteza do cálculo ou estar utilizando menos material e assumindo a responsabilidade de uma estrutura que não está de acordo com as normas. Por isso, se você é responsável pela Obra, contrate um projetista de estrutura de madeira. Se você é o Cliente, exija do responsável esse projeto, assim como você exige o de fundações e o de concreto.